No
quarto novo, recebi a visita de outro médico, Dr. Daniel.
Ele iria retirar os fixadores do fêmur e da tíbia, e
colocar uns fixadores bem fininhos e leves para eu poder começar a andar melhor.
Mas infelizmente esses fixadores são muito caros e o plano de saúde não quis
comprar e enviou um mais barato. A gente esperou umas duas semanas mais ou
menos e ele chegava com a mesma notícia:
— Os
fixadores não chegaram.
Parece que vinha de São Paulo - não me lembro bem -,
enfim. Como eu já não estava mais aguentando ficar no hospital, eu disse a ele
que poderia colocar o outro fixador mesmo, o Ilizarov. Ele disse que
colocaria, mas disse também que ele é muito pesado e que seria ruim para eu
andar. E por fim, já não aguentando mais aquele ambiente hospitalar, quase três
meses internada, eu disse a ele:
— Tudo
bem, não tem problemas.
Então, fiz a minha sexta cirurgia.
Me lembro como se fosse hoje, foi no dia 01 de
dezembro de 2009, à noite. Tudo ocorreu bem, graças a Deus.
Após a cirurgia eu estava me recuperando muito bem, em
três dias Dr. Daniel me deu alta, mas eu só podia sair com a autorização do
médico-chefe, então permaneci mais alguns dias no hospital. O que achei
engraçado nesse fixador é que para levantar a minha perna só podia pegar pelos
ferros, em qualquer parte e não doía nada, mas se pegasse pela minha perna, era
uma dor infernal.
Devido a quase três meses no hospital e na mesma
posição, meu pé ficou o tempo todo apoiado na cama. No meu caso, as enfermeiras
e os médicos só se preocuparam com minha perna e se esqueceram de cuidar do pé.
Fiquei muito tempo com ele apoiado na cama, sem nenhuma proteção e por conta
disso ocasionou uma escara nele, ou seja, o sangue coalhou e meu calcanhar
necrosou.
Na equipe do hospital ninguém queria se responsabilizar
e eu já estava perto de receber alta, minha mãe não queria que eu fosse para
casa com o pé daquele jeito, então ela falou com o médico-chefe e disse que se
não resolvessem minha situação ela iria processar o hospital. Então mandaram um
médico vim me ver e ele disse que se eu não operasse, iria perder meu pé.
Então minha sétima cirurgia foi marcada, durou no
máximo trinta minutos. A recuperação seria um pouco mais lenta, porque teria
que esperar crescer o pedaço do calcanhar que foi retirado, com a ajuda de uma
pomada que puxaria a carne e formaria um calcanhar novo.
No dia 10 de dezembro de 2009, eu recebi a minha
sonhada alta, mas antes de ir retiraram a sonda vesical e só fiquei com a
cistostomia. Quando cheguei em casa foi muito bom, me senti livre - pelo menos
por enquanto - de hospital, de médicos, enfermeiros... Foi muito bom.
Voltei pra casa com o fixador Ilizarov, a cistostomia,
a colostomia, pé operado e sem sensibilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário