22 de março de 2013

FORÇA AMANDA, VOCÊ VAI CONSEGUIR

Olá pessoal!

Um dia após a minha segunda cirurgia, fui transferida para um hospital da capital.

O percurso não foi nada fácil, buracos e mais buracos. Em consequência disso, me balançava e eu sentia muitas dores. Foram quase duas horas. Chegando lá, novamente me colocaram na UTI e como já esperado, médicos e enfermeiros vieram me ver e saber o que tinha acontecido. E como sempre, ouvi as perguntas que já estavam memorizadas na minha cabeça:

Foi moto?

Como foi? 

Fisicamente, eu não me encontrava numa situação nada boa, eu estava com fixador no quadril, fêmur e tíbia. Uma sonda no pulmão, uma sonda vesical (sonda para urinar), uma cistostomia (sonda que vai direto na bexiga) e uma colostomia.

Vou resumir, mais ou menos, para quem não sabe, o que é uma colostomia: uma parte do intestino grosso é desviado para fora da barriga e é por lá que sai as fezes. Para não se sujar, coloca-se uma bolsinha descartável que ao mesmo tempo protege o estoma.

Não vou me estender muito, pois terá um capítulo falando somente sobre essa parte com uma explicação mais detalhada.

A única coisa que estava me incomodando era só ter que ficar numa só posição, ou seja, deitada de barriga para cima. Eu era acostumada a só dormir de lado e naquele momento, eu tinha que ficar deitada o tempo todo e não podia se sentar por conta do quadril quebrado. 

Por enquanto, eu estava levando tudo numa boa, parecia que a ficha não tinha caído. Era ruim ficar na UTI porque você fica sozinha, parece que as horas não passam. Ficava assistindo televisão e sentia muita sede. Não tinha vontade de comer e o médico disse que se eu não comesse, iria me colocar uma sonda. Como eu não queria aquela sonda dentro de mim, comecei a comer aos poucos.

Uma parte engraçada que aconteceu na UTI foi quando os enfermeiros vieram me dar banho, eles me olharam de um jeito ao mesmo tempo se perguntando: “Como vamos dar banho nela?”. E eu em risos disse o método que os enfermeiros usaram no meu primeiro banho. Tinha toda uma técnica que era para eu não sentir mais dor, mais do que já estava sentindo e graças a Deus deu tudo certo.

Depois de dois dias o médico me disse que eu sairia da UTI e iria ser transferida para um quarto. Nossa! Fiquei tão feliz. Enfim, não ficaria mais sozinha com desconhecidos.

Fui levada para o novo quarto e minha mãe já estava lá, eu me senti bastante aliviada por tê-la de novo por perto. Comecei a receber visitas mais demoradas dos parentes e amigos. 

Quando estava assistindo televisão, do nada, vi minha mãe colocar na porta do armário uma foto minha com minha irmã, naquele momento não achei nada demais e deixei para lá. O quarto que eu fiquei não tinha janela, eu não sabia se era dia ou noite, só pelas horas e tinha que ficar no ar-condicionado o tempo todo. Só era desligado na hora que eu ia tomar banho. Depois de algumas semanas, minha mãe estava conversando com uma pessoa que tinha ido me visitar e eu estava assistindo televisão, então eu comecei a olhar a foto que estava eu e minha irmã e comecei a me lembrar da minha vida antes do acidente, as coisas que eu fazia com ela e tal... E eu não aguentei aquela enxurrada de pensamentos e sentimentos e comecei a chorar dizendo que queria ir embora do hospital. Acho que foi nesse momento que minha ficha começou a cair, eu não estava mais aguentando ficar ali. 

Uma psicóloga foi conversar comigo e ela me receitou um remédio para poder dormir à noite, mas eu não cheguei a entrar em depressão. Meu estado de humor era por dia, tinha dia que eu estava bem e tinha dia que eu ficava mal-humorada com todos e às vezes até chorava.

Na maioria do tempo eu era obrigada a dormir, por conta de um remédio de dor que é muito forte chamado Tramal, ele me causava sonolência - por uma parte era bom, assim as horas passavam mais rápido - e me dava muita vontade de vomitar, e enquanto eu vomitava, pensava ao mesmo tempo:

“Força Amanda, você vai conseguir.”

Era muito difícil. Nem os remédios para parar de vomitar faziam efeito. Eu odiava ter que acordar e olhar para aquele quarto todo fechado, escuro... Só queria dormir.

Retomei as sessões de fisioterapia que já fazia na UTI e comecei a tomar todos os dias uma injeção na barriga para não ter trombose.

Aos poucos a rotina ia se ajustando.







Nenhum comentário:

Postar um comentário