21 de março de 2013

NO HOSPITAL

Quando eu acordei, sabia que estava no hospital, mas não sabia qual dia ou hora eram e nem o que tinha acontecido comigo.

Olhei ao redor e vi um grupo de enfermeiros que quando me viram, vieram falar comigo. Perguntaram como eu estava, se eu estava sentido dor e respondi a todos super tranquila.

Estava com uma touca verde, acesso venoso para receber o soro e medicamentos, com um respirador no nariz e um lençol enorme me cobrindo.

O enfermeiro perguntou se eu estava com fome e disse que eu estava na UTI. Perguntei se poderia ver minha família e ele disse que no horário de visitas sim.

Ele veio me alimentar e disse que o médico viria me visitar. Após essa visita eu iria tomar banho no leito. Depois da janta, descansei um pouco e fiquei olhando para o nada. Só via aparelhos, enfermeiros sentados ou transitando pela ala, um paciente ao meu lado dormindo e pela porta de vidro podia ver do lado de fora da UTI.

Chegou a hora do banho e finalmente poderia ver o que tinha acontecido comigo. Enganada eu estava. Me puseram deitada de barriga para cima e não pude ver como estava meu corpo, só conseguia ver uma parte do meu abdômen e uma bolsa presa a ele. Me lembro de ter perguntado ao enfermeiro se meu umbigo estava lá ainda, ele disse sorrindo que estava.

Estava terminando o “banho de gato” quando o médico chegou. No caso um dos, porque tive dois que me operaram de imediato, assim que cheguei. O médico perguntou como eu estava e começou a me examinar. Perguntei se poderia tirar o respirador do nariz e ele disse que ainda não. Foi para o final da cama e levantou minha perna esquerda, foi então que consegui ver dois fixadores, um na minha coxa e um na minha “canela”, e não estava conseguindo acreditar. Senti uma dor enorme porque ele levantou minha perna para eu poder ver na posição que eu estava. Também tinha um fixador no quadril e uma colostomia. Perguntei ao médico por quanto tempo ficaria com tudo isso, ele disse que no mínimo três meses. Bem, eu acreditei. E por último, ele resolveu colocar na hora uma sonda direto no pulmão - que por sinal doeu bastante - e depois ele foi embora.

No outro dia comecei a receber visitas, como estava na UTI, foram visitas curtas porque tinha muita gente que queria me ver, além da minha família. Quando minha mãe apareceu, resumiu um pouco o que tinha acontecido: Eu tinha ficado mais de quatro horas na sala de cirurgia, que eu tinha perdido muito sangue e que muitas pessoas tinham ido doar. Porém ela não me disse mais detalhes sobre minhas fraturas.


Perguntei a ela do rapaz que estava comigo e ela disse que ele estava no hospital público esperando para fazer uma cirurgia, a única coisa que ele quebrou foi o cotovelo esquerdo, depois de três dias ele foi para um hospital particular e fez a cirurgia. Colocaram uma placa de titânio no cotovelo e por conta disso ele não estica o braço todo, também ficou alguns dias com a parte inferior da perna na carne viva. Com o tempo ele se recuperou e voltou a sua vida normal, ao contrário de mim que estava só no começo de uma grande batalha.

O segundo médico apareceu e foi quando pude saber realmente o que tinha acontecido comigo. Tive fraturas na perna esquerda e nada tinha acontecido na perna direita, eu a mexia normalmente, estava tudo bem na cabeça, braços, mãos, coluna, graças a Deus. No entanto, da cintura para baixo foi bastante grave, aconteceu o seguinte: Fratura no quadril em dois lugares (no meio e um pouco acima do fêmur esquerdo), fratura exposta do fêmur (esse foi o osso que minha amiga viu, rasgou até a minha calça) fratura no joelho esquerdo, fratura exposta da tíbia esquerda e não sentia o pé esquerdo.

O médico disse que por pouco o carro não levou a minha perna junto, e por conta disso o quadril se partiu ao meio, então eu tive outras lesões na região de baixo (vulva, vagina, ânus). Fizeram uma cirurgia de reconstrução e por dentro encontraram areia, graveto e folhas. Estava correndo risco de ter uma infecção. Minha bexiga estava tão inchada que pensaram que eu tinha perdido o útero e os ovários na hora. No abdômen, aquela bolsa que eu vi, era uma colostomia.

 Essa foto está um pouco danificada (infelizmente é a única que eu tenho).


                                             
Na UTI


Os médicos informaram aos meus pais que se eu passasse de 24 horas eu ficaria bem, nesse período eu poderia perder a perna, poderia rejeitar os fixadores e eles teriam que amputar ou então pegar uma infecção e falecer. Mas graças a Deus consegui me livrar desse período e não perdi a perna e não peguei nenhuma infecção. Numa outra visita da minha mãe, ela me contou que estava resolvendo as coisas para eu ser transferida para um outro hospital particular na capital, os próprios médicos que aconselharam, porque lá teríamos mais recurso.

Eu fiquei três dias internada na UTI desse hospital na cidade em que eu moro e nesse período, já havia feito duas cirurgias.



                                              
       Estava indo para a 2ª cirurgia.



* Quero agradecer a todos que me doaram sangue. Deus os abençoem.

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